Como habitar o hoje | Meditações 7.69
Uma tentativa de fugir dos clichês sobre viver o presente
Você, provavelmente, já ouviu aquela ideia de que deveríamos viver como se cada dia fosse o último. No fundo, o espírito da ideia é bom: nos ensina a valorizar o presente. Porém, de tão batida a mensagem acabou se esvaziando e virou mais um clichê repetido à exaustão.
Entretanto, no estoicismo, essa não é só uma frase qualquer. É um exercício diário de vivência filosófica. Na base dele, podemos dizer que há uma certa urgência silenciosa. Não a urgência ansiosa dos prazos, nem a inquietação produtivista do mundo contemporâneo, em que fazer virou sinônimo de ser. Mas uma aguda consciência de que a vida é finita, frágil e imprevisível. Marco Aurélio, nas Meditações, frequentemente nos lembra disso: o tempo não nos pertence. Tudo o que realmente temos e, na verdade, sempre tivemos, é o agora.
Viver bem, portanto, não é acumular conquistas, nem esperar por um futuro idealizado, mas habitar plenamente o dia de hoje. E fazer isso com equilíbrio: sem nos perder na agitação desenfreada, nem nos entregar à indiferença ou ao vazio. É encontrar um meio-termo entre o frenesi da consciência da finitude (socorro, não poderei ler todos os livros que eu quero!) e a apatia (já que não dá tempo, então não faço nada), que honre a nossa condição de seres mortais.
É nesse meio-termo que eu quero mergulhar com você hoje.
Leitura
Nisto consiste a completude do caráter mortal: viver todo dia como se fosse o último, sem frenesi, sem apatia e sem afetação.
(Meditações, 7.69)
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