Uma das coisas que eu mais lamento durante a minha formação é não ter tido conhecimento de literatura enquanto eu fazia a faculdade de filosofia. À primeira vista, isso não parece fazer sentido, mas eu te garanto que faz e é sobre isso (e um convite) que eu quero falar nesta edição.
Filosofia & Literatura: dá match?
A Filosofia me atraiu por ser essa grande reflexão sobre os dilemas humanos: vida e morte, amores e decepções, justiça e honra… Ainda sem saber muito bem disso, mas curiosa para descobrir, eu entrei na faculdade e fui adiante nas descobertas, até chegar ao doutorado.
Porém, foi só no fim da minha formação acadêmica, vivendo o estresse da escrita da tese, que eu me voltei à Literatura. E qual não foi a minha alegria ao perceber o quanto a Filosofia desde sempre bebeu em fontes literárias.
Apesar das “implicâncias” de Platão com os poetas, na República, é um fato que, desde a Antiguidade, os filósofos não passaram longe das grandes histórias. Tanto foi assim que Odisseu se tornou uma figura exemplar para os estoicos. E, ao longo da história, esse relacionamento seguiu firme e forte até os nossos dias.
Isso porque a Literatura é, antes de tudo, uma forma de acessar a experiência humana. Antes que a filosofia surgisse como discurso racional e sistemático, eram os poetas que ensinavam aos gregos o que era a virtude, a justiça, a coragem, a prudência e até o destino.
Por isso, quando lemos um poema épico, um romance ou uma tragédia, não estamos apenas acompanhando uma história; estamos acessando dilemas morais, questões existenciais, experiências de perda, de dor, de alegria, de transcendência. E, dado que nós só podemos viver a vida que temos, as histórias narradas pela Literatura nos permitem viver mil vidas em uma só, ampliando em muito a nossa perspectiva sobre a vida, o mundo e nós mesmos.
No fim, a Filosofia precisa da Literatura porque nem tudo cabe no conceito. Nem tudo se resolve na definição. Há coisas que só podem ser compreendidas quando são vividas, ainda que seja pela imaginação, pela empatia, pela sensibilidade.
E a literatura faz exatamente isso: nos coloca, por algumas horas, no lugar do outro. Ela amplia nosso olhar, aprofunda nosso sentir e, com isso, refina também nosso pensar.
Um convite
Pensando nesses laços estreitos entre Filosofia e Literatura, eu trago um convite.
Se você quiser refletir sobre os grandes temas da existência humana — a busca por sentido, a relação entre destino e liberdade, a tensão entre honra e sofrimento, entre orgulho e amor, entre vida e morte — venha ler a Ilíada comigo!
Ler a Ilíada não é apenas mergulhar na história de uma guerra. É entrar em contato com aquilo que nos faz humanos. É exercitar o olhar filosófico, treinando a sensibilidade, a escuta, a interpretação e o pensamento.
E é exatamente isso que eu te convido a fazer comigo nas próximas semanas: uma leitura coletiva da Ilíada, aberta e gratuita, no meu canal do YouTube.
📅 Quando: toda segunda, a partir do dia 23/06, às 19h
📍 Onde: no meu canal do YouTube
💡 Como funciona: Serão 2 lives de introdução, para te ajudar a entender o contexto histórico, literário e filosófico da obra, seguidas de encontros de discussão da leitura e comentários. Tudo gratuito e aberto.
🔗 Clique aqui para ativar o lembrete da primeira live!
E, se você ainda não estiver convencido a ler, deixo aqui a dica deste vídeo do meu canal, com 5 motivos para ler a Ilíada:
📖 Traduções e edições recomendadas
Para participar da leitura coletiva, você pode usar a edição que quiser. Recomendo, apenas, que seja em verso e que não seja resumida/adaptada, para que você consiga nos acompanhar.
Se quiser indicações de edições mais acessíveis a um leitor iniciante, eu indico as da Companhia das Letras ou da Ubu Editora:
▪ Penguin-Companhia das Letras: https://amzn.to/42YsCk5
▪ Box Ilíada e Odisseia (Penguin-Companhia das Letras): https://amzn.to/44AInPp
▪ Ubu Editora: https://amzn.to/3GRmFga
Espero te encontrar segunda, mas, se não, nossa próxima edição da news sai no dia 27/06. Até lá!